Informação

Violência doméstica com impacto negativo

Data: 13/12/2016

Duplicou o número de casos de violência doméstica no presente ano na província da Zambézia. Dados apurados pela nossa Reportagem, terça-feira, junto das autoridades policiais indicam que de Janeiro a Outubro últimos foram atendidos 1601 casos de violência doméstica contra 701 do ano 2015.

Domingos Macuácua, do Gabinete de Atendimento e Aconselhamento às Vítimas de Violência no Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique na Zambézia, disse que aumentaram, não só os casos, como também a gravidade em termos físicos contra as vítimas, nomeadamente mulheres e crianças. Falando à nossa Reportagem, por ocasião da inauguração das salas de trabalho da Casa de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica, uma iniciativa do Núcleo das Associações Femininas da Zambézia (NAFEZA), com o apoio do Governo francês, Domingos Macuácua disse que os danos físicos contra a mulher e criança são profundos e graves que deixam sequelas definitivas, bem como efeitos psicológicos nefastos para toda a vida.

Os distritos com mais casos de violência doméstica a nível da província da Zambézia são Morrumbala, Mocuba, Maganja da Costa e Pebane. Muitas vezes, segundo apurou a nossa Reportagem, a violência é motivada por problemas conjugais, violação sexual de mulheres e raparigas, pais que não assumem a responsabilidade dos seus filhos em providenciar subsídio para alimentação ou abandono de esposa e filho por alguns homens para depois criarem novas famílias.

Macuácua disse que as palestras feitas a nível comunitário na província da Zambézia estimularam a denúncia de muitos casos em que as vítimas pensavam que as sevícias fossem algo normal. De acordo ainda com a fonte, as autoridades policiais, o Núcleo das Associações Femininas da Zambézia e Mulheres de Carreira Jurídica foram disseminando os direitos humanos e outro tipo de legislação atinente, e isso veio a disparar com o número de denúncia das mulheres ou pessoas próximas que viam as vítimas a sofrer.

Sobre a Casa de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica, Macuácua entende que ela veio numa boa altura, porque muitas vezes a Polícia não sabia onde alojar as vítimas para protegê-las dos seus agressores.

Entretanto, Lúcia Escova, representante do director provincial de Género, Criança e Accão Social, reconheceu o papel da Casa de Atendimento às Pessoas Vítimas de Violência, mas entende que deve ser uma instituição com serviços integrados, nomeadamente saúde, por reparar os danos físicos das vítimas, justiça, para punir os infractores, educação e outros de apoio psicológico e moral.

Por seu turno, o embaixador da Franca, país financiador da infraestrutura erguida no bairro Aeroporto, disse que a violência infligida contra a mulher e criança é um flagelo que precisa de ser combatido de todas suas formas de manifestação. Bruno Clerc disse que a violência é ainda mais nefasta quando destrói a família e, logo, a família como núcleo central da vida, logo o país fica doente.

A infraestrutura, que compreende salas de atendimento, possui ainda quartos e outros compartimentos para acolher e atender as vítimas. De acordo Cândida Quintano, directora executiva do Núcleo das Associações Femininas da Zambézia, a iniciativa integra-se no projecto Não à violência Sobre a Mulher, implementado com o apoio da Franca. Candidato Quintano disse ainda que a inauguração daquela infraestrutura se contextualiza nos 16 dias do activismo social, cujo lema é  “Eu sou da paz e diga não à violência contra a mulher e rapariga”.

Fonte: Jornal notícias